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terça-feira, 4 de outubro de 2011

AKIZ NETO, POESIA PORTA METAL

Akiz Neto nunca ousou tanto em "plastias poéticas" de suas metáforas, como no livro em epígrafe. Conhecido como poeta, crítico e ensaísta autodidacta, os seus trabalhos (a par da sua postura de colagem a escritores com destaque no poder político), eram bastantes contestados pela crítica, a exemplo de uma, bem recente, assinada pelo estudioso de literaturas afrolusófonas, o brasileiro Ricardo Riso, em trabalho que destaca o poemário "A Construção Figurativa do Gesto". Não se inibiu e vai daí que o seu autodidactismo empresta-lhe determinada percepção, a rigor da sua plenitude, e já como se se transfigura-se depois do imenso labor, eis a elaboração estética plasmada em muitos dizeres, marcas, gestos, imagens que, como diz Kátia Frazão quem  prefaciou o livro "pela percepção das cores e pela escuta de sons em seus ritmos múltiplos, na direcção do imprevísível.". Mais além, podemos nessa leitura encontrar enfoques da sensibilidade que lhe emprestam outras leituras, com influências e (talvez) confluências de um Manuel Rui, José Luis Mendonça, Conceição Cristóvão, João Tala, Abreu Paxe entre outros. Assim flue "brilha o ouro boca d'alvura / flores flautas fluem". Alguma versatilidade permite dispor os seus versos em vários quadros estruturais, fazendo com que a poesia aconteça de vários modos, "... de memórias simbólicas de teus lábios vibro. Eis por que danço com o espelho da alma...". E eis porque o poeta que reside em Akiz, não necessita de colagens autopromocionais dos almofadados políticos e... "Aí, a escrita, asa nua sobrea a ópera..." - Aqui sim.