Temos assistido a um empenhamento moderado da juventude nas coisas da literatura. Há jovens escrevendo mais, com frequência se publicam livros de autores novos. Isso é bom, porém, assistimos também a exageros colectivistas com o activismo que lhes são propensos, sem se levar em conta que é sempre depois, quando individualizados, a sós, que a dedicação de cada qual marcará pontos em direcção à própria evolução. Estou a falar para jovens que pretendem ser escritores ou para jovens escritores em busca de maiores aptidões, suficiência estética e até mesmo inovações. Desses jovens menciono os colectivos das Brigadas Jovens de Literatura (BJLA) e o grupo Lev'Arte que mais têm se apresentado ao público e até porque alguns dos seus integrantes, com destaque para o Nguimba Ngola, são verdadeiros incentivadores e cicerones da arte literária. O que me assombra, as vezes, são os excessos desse activismos com declamações públicas de poesia de forma grosseira, barulhenta, quase orgâsmica, com teatralizações que nos aproximam do xinguilamento ou do que a cultura kudurista tem de pior. A poesia perde assim em cadência e a palavra é tão-só mais espalhafatosa do que sensível. Nos anos 80 assistimos a um associativismo da juventude literária onde os procedimentos se centravam em tertúlias, debates, intervenções em boletins culturais, especialmente nos malogrados Vida & Cultura do Jornal de Angola e Lavra & Oficina da UEA, com troca de informações sobre o que ia pelo mundo avançado das criações estéticas, incentivação à leitura e à escrita, crítica, e até mesmo diatribes. Parecia um belo espectáculo. Já então se sabia que a leitura forjava a busca pela plenitude e devia constituir o fundamental de tais procedimentos. Eu lamento. Devem os jovens, hoje, estar mal orientados. Sinceramente. Perguntem-lhes o que andam a ler. Contudo, viva o activismo e viva a actividade.
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