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sábado, 27 de agosto de 2011

SÓNIA GOMES, desde ERROS QUE MATAM à A FILHA DO GENERAL

A romancista SG, apesar de jovem tem já uma certa experiência ficcionista e é visível na sua atitude preocupações para com o social. É dos escritores mais presentes se levarmos em atenção a regularidade com que publica. Em "Erros que Matam" deixa-nos um aviso de que no seu ofício a opção primeira é a condição humana, daí a deslumbrante sociologia com que desemboca no romance a seguir, intitulado "A Filha do General". A literatura angolana não é rica de ficcionistas femininas ao contrário da sua poesia onde se tem destacado grandes criações poéticas de mulheres, daí toda a atenção e o seguimento paciente que recai sobre Sónia Gomes.
Na apreciação que faço à largueza da sua imaginação, a precisão da linguagem satisfaz o óbvio mas não será já uma obra de grande elaboração estética. Ainda assim, não concordo de maneira nenhuma com seus detratores que a caracterizam como simples "água açucarada", porém a relação que tabelece com a arte é ainda de baixo coturno.
A sua realização plena pode dar-se com o tempo mas é necessário que SG não encareça a leitura nos mais distintos continentes da (re)criação. Sim, porque para um escritor, qualquer leitura pode ser recriação, é ali que reside a alma da superação e da criatividade. É jovem, e quando se o é tudo dele se espera. Creio que os seus bajuladores (sim, que os tem) que até lhe deram uma bolsa "fraudulenta" de criação e que têm no escritor Adriano Botelho de Vasconcelos a face pública, deveriam, entre todas as virtudes do talento, indicar-lhe bons autores, para complementar alguma orientação informativa porque a literatura, sendo arte é uma viagem profunda na busca incessante do texto, ainda que não seja por uma "nova linguagem".
A competência pela realização estética perpassa uma dicção e uma actuação pessoais, daí que resulta nula a débil comparação com Pepetela, como foi na pobre análise de um certo escritor. Fica este conselho gratuito: SG, leia bons autores, sempre essenciais para a própria reorientação na elaboração estética.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

GOCIANTE PATISSA, A ÚLTIMA OUVINTE

Esse "livrinho" do Patissa caiu-me bem às mãos, encheu-me os sentidos e posso dizer que foi uma leitura prazeirosa. É como encontrar um oásis onde, de início, só há pedras. São contos e o primeiro deles, que dá título à obra seria apenas, por via da dúvida, uma beliscadela às minhas sensações. Então já cheirava água, flores, terra húmida, vestígios de poesia. Seguiram-se outros contos e agora sim, foi como se o primeiro não passasse de mera provocação à certa imaginação literária. Esse jovem, o Patissa, certamente está confiante e vai daí esboçando à rigor uma obra, textualmente de palavras cheias onde a forma e o simbolismo definem a intenção estética. Não preciso dizer mais nada. Aguardemos. Quatro, sim oiçam bem, quatro estrelas. É obra.