Lapidar, digamos, um exercício de escrita onde a clareza do texto não é sinónimo de despretensiosidade da arte, esse autor oferece-nos uma leitura tematizada no desassossego do pós-guerra e toda uma "sociologia" envolvente. Nessa abordagem só difere das suas anteriores obras (parece-me que IC não é reiteradamente um autor regular, poisque data de cerca de uma década o seu livro anterior). obviamente dizia, difere pela maturidade. Em Último Recuo IC entrelaça o real e o simbólico, sem excentricidades, aparentemente metódico. E o texto flue como se já estivesse ali, nos nossos cinco sentidos. O discurso chega a surpeender pela eficácia do processo narrativo como nesta sucessão de images em tela cinematográfica: De repente, naquele ambiente quente, a imagem de Rosamaria ganhou forma nas paredes altas e brancas. Os olhos esgazeados de Segura como que transformaram as paredes da prisão em múltiplas telas ondes as suas lembranças, sonhos e ansiedades se projectavam...[ pág. 63]. Da sua tentativa de compreender, nos marcos da ficção... - como soa na contracapa - vou contando uma, duas, três, quatro. Faltava apenas a quinta estrela.
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